Não Suponha

Ontem na aula de respiração ouvi um texto com uma citação sobre o quanto sofremos por pensar o que os outros pensam à nosso respeito e ficamos supondo coisas para resolver situações que não existem na verdade, apenas nascem em nossas mentes, distorcendo os acontecimentos e formando uma realidade paralela na qual acabamos vivendo sem nos darmos conta. Então, a partir desse pensamento surgiu uma pequena poesia. Fazia tempo que não conseguia escrever sobre sentimentos, aliás, sobre coisa nenhuma.

Não suponha

Não suponha que você me conhece,

porque eu mesma não me sei.

Não suponha que você sabe o que farei,

porque eu mesma não tenho certeza do que quero.

Não suponha que me atinges,

porque eu mesma não me alcanço onde estou.

Não suponha que tua ira ou teu amor por mim me completa,

porque eu mesma não conheço minha profundidade.

Não suponha que meu coração é infantil,

porque eu mesma não sei a idade de meus sentimentos e razões.

Não suponha que tenho uma alma inquieta,

porque eu mesma não entendo a imensidão do que ela abarca.

Não suponha que em minha vida faltam partes,

porque eu mesma não consegui montar ainda esse quebra cabeça.

Por fim, não suponha que te amo ou te odeio,

porque eu mesma não conheço a diferença entre o amor e o ódio.

Até qualquer dia,

Marta

Cadeira de balanço

A vida vai e vem, vai e vem, como se estivessemos numa cadeira de balanço…vai e vem, vai e vem, enquanto analisamos nossas emoções, sentimentos e ações em nosso cotidiano… vai e vem, vai e vem, até que numa dessas idas e vindas nós encontramos as respostas para o que estamos procurando.

Basta mudar a perspectiva, conversar o mesmo velho assunto batido com outra pessoa e  pronto, recebemos uma visão nova sobre aquele problema que não nos deixa dormir há meses.

Foi assim hoje. Não tem muito mais o que comentar, acho que todos vocês já passaram por algo parecido algum dia em suas vidas. Na minha acontece sempre!

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Esta semana está acontecendo uma mostra de talentos lá no trabalho em comemoração ao aniversário da organização. Hoje eu declamei algumas de minhas poesias e amanhã vou cantar com alguns colegas. Depois eu conto direitinho, estou meio sem inspiração no momento.

Abraços,

Marta

Fases

Quatro fases

A Vida nunca vem só, sempre está em companhia de seu contrário que a complementa, a Morte.

Nossa objetividade só ganha forma baseada e contraposta na subjetividade que também carregamos em nós.

O masculino destaca-se apenas ao lado do feminino, o ying do yang, a anina do animus, o Sol com a Lua, a Terra com o Céu, o sal do açúcar… o duo positivo/negativo que necessariamente não quer dizer bom e mau, apenas contrários que se atraem, repelem e se complementam.

Mas nesse universo existe também uma visão de quatro fases alquímicas pelas quais tudo e todos passam, em busca da pedra filosofal.

Não para transformar chumbo em ouro, mas para transformar-se por dentro em algo de maior valor, mesmo que nesse pensamento também exista seu avesso na interpretação de que o chumbo não tenha valor, pois tem, como elemento natural encontrado em abundância que serve para fundear e dar bases sólidas e seguras ou como proteção de raios nocivos, radioativos, kripytonita, etc…

Essas quatro fases são sucessivas e complementares porque uma aproveita o conhecimento de sua antecessora e prepara o crescimento da próxima.

Na fase Nigredo – instala-se o caos, a crise, o sofrimento, as perdas, a escuridão, o desnorteio que nos paralisa, o abismo no qual sentimos o perder das forças, as trevas da solidão, a melancolia, a tristeza profunda, o abandono de si ao largo da falta de vida que nos puxa para o inferno que criamos para nós mesmos.

Na fase Albedo – abre-se uma fresta por onde se consegue sentir um raio de luz, calor e energia, num esforço de purificação interna, na reconstrução do mundo vencendo o caos, onde e quando buscamos saber quem somos, o que queremos, a diferenciação e a noção do sofrimento e felicidade, da força e poder de mudar, romper com complexos e paradigmas para conseguir traçar caminhos e objetivos para seguir em frente em busca da consciência de si.

Na fase Citredo – busca-se a conquista de uma nova consciência sobre si, sobre o mundo, sobre o eu, o tu e o nós, diferenciação da alma do corpo, crescimento interno que expande a compreensão de sentimentos como compaixão, perdão e amor por si e pelos outros. Radiância como um Sol que ilumina e aquece por dentro e por fora, numa abundância que floresce tudo ao redor.

Na fase Rubedo – chega-se ao ápice do crescimento e sabedoria sintetizando as diferenças e rupturas, as contradições, unindo o corpo, a alma e a mente tornando o material e o subjetivo em um indivíduo completo, num renascimento onde não cabe mais a dualidade, as dúvidas, o sofrimento, a perda, por estar-se completo e total naquilo que se buscava como última fronteira do conhecimento de si.

A cada fase corresponde uma cor como o preto, o branco, o amarelo e o vermelho;

A cada fase exige-se uma quantidade de energia em movimento;

A cada fase podemos encontrar uma parte de nós;

A cada fase mostramos um pouco do que realmente somos por dentro.

Marta

Coragem

Lendo por aí encontrei o significado da palavra coragem que quer dizer “ação que vem do coração” e imediatamente tentei construir um conceito do que seria efetivamente ter coragem.

Ter coragem é por em prática o que o coração manda fazer;

Ter coragem é ter certeza de alma que o que o coração pede, deseja e quer é o certo a ser feito naquele exatos momento e lugar;

Ter coragem é agir concientemente sabendo no fundo de seu coração que você está certo do que está fazendo ou por fazer;

Ter coragem é assumir de vez que se é responsável pelos próprios atos e não duvidar de seu coração, por que ele sabe qual o melhor caminho a seguir.

Mas…

Para ter coragem é preciso ouvir, entender e aceitar o que seu coração está dizendo. Muitas vezes por não respeitarmos o que ele está gritando por dentro simplesmente achamos que o que estamos ouvindo vem do coração, quando na verdade é apenas um eco de nossos pensamentos.

O pensamento é  resultado do que foi filtrado pela nossa mente.

O pensamento é um sumo, o suco, um caldo de nossas emoções que foram espremidas, peneiradas por sentimentos e transformadas em algo mais leve para que possamos deglutir.

Saber ouvir o que o coração nos diz e nos pede é muito mais difícil porque exige que nós afastemos os pensamentos, fiquemos em silêncio com nossos sentimentos, para podermos reconhecer qual a verdadeira emoção que está ditando a ação.

Ter coragem é reconhecer que a emoção é instinto e que o instinto não falha. Nós é que temos medo dele.

Nossas emoções formam uma estrela chamada MARTA, com cinco pontas que apontam para:

Carambola

Convenci-me de que se existe uma coisa que eu conheço e respeito são as minhas emoções.

Talvez eu não consiga explicá-las filosoficamente como muitos querem, mas com certeza eu as respeito e sei que não adianta lutar contra elas.

Meus pensamentos que esperem, porque vou continuar atendendo ao meu coração quando ele diz faça ou não faça.

Depois eu continuo essa conversa porque agora vou para a sala de aula.

Beijos,

MARTA

Picolé de fogo

Meus pés são feitos de gelo

Para dar sustentação ao corpo

Que vibra e pende para  frente

Confiando nos joelhos que não dobram

Minhas pernas são feitas de gelo

Para segurarem o corpo

Que precisa saber onde está plantado

Tentando adivinhar onde as pernas o levarão

Meu ventre é feito de gelo

Onde estão guardados nas entranhas

Todos os sentimentos engolidos em seco

Por anos a fio a embrulhar o estomago

Meu peito derrete pelas emoções contidas

Num turbilhão efervescente de coisas mal resolvidas

Por desejos inacabados e sonhos mal sonhados

Querendo apenas ser ouvido e acarinhado

Minha cabeça anda em chamas

Com a mente em polvorosa

Enrolada nos braços que nascem e caem a todo instante

Com os olhos flamejantes e faísca pelas ventas

Numa energia que me consome e se renova de si mesma

Numa troca que me esgota e não me leva a caminho nenhum

Empurrando-me sem rumo pelo que chamo de vida

Dividida em duas, do gelo às chamas,

Que me traduzem por inteiro

Para aqueles que não têm medo de arriscar ficar perto

E se aquecerem com o sangue quente que corre em minhas veias

Ou se deliciarem com o frescor matutino que cobre ¾ de mim.

Marta

Sobre águias e galinhas

Onde está minha coragem? Qual é o medo que me invade e me impede de mudar o que sei que preciso? Acabo me refugiando na poesia, mas sei que não é uma solução prática e eficaz para resolver minhas dores, apenas ajuda a respirar um pouco melhor.

Os animais que tenho dentro de mim estão me enlouquecendo.

Como escorpião a vontade que tenho é de ferroar e envenenar até a morte aquele que me machuca e está me dilacerando por dentro,

Minha serpente aguarda somente o momento de atacar e destroçar os músculos do corpo do inimigo que me cerca,

Aquela águia que reconheço em mim todos os dias está recolhida num galinheiro no alto dum penhasco encoberto por nuvens escuras e densas,

E minha fênix me olha pelo espelho pedindo que eu me reinvente e renasça de minhas próprias cinzas, lavando-me em minhas lágrimas até afogar-me para que morra e reviva forte, como sei que posso ser quando tenho a coragem de olhar em meus olhos e encarar-me de frente.

Queria que em meu território recoberto de inseguranças e covardia a partir de agora só tivesse lugar para águias.

Daquelas que estão dispostas a alçar vôos, trocar as penas e arrancar os bicos mesmo que cause dor e incertezas do sucesso no vôo.

Porque renascer como a fênix é um direito adquirido e é apenas isso que pode me impulsionar a sair do meu esconderijo.

Para ter mais coragem e definitivamente fechar as portas do galinheiro.

No qual tenho me refugiado amedrontada de mim mesma.

Esclarecer meus sentimentos e seguir em frente.

Marta

Razão e Coração

A razão só enxerga o óbvio, o prático e possível naquele tempo e lugar –

O coração só deseja para além do próprio tempo para que seja possível viver até que isso aconteça;

A razão tempera a vida com sal dando-lhe o gosto da certeza –

O coração usa ervas finas para que os dias tenham sabor especial e valham a pena serem vividos;

A razão dimensiona nossas ações para que sejam exatas e producentes –

O coração dá vazão aos desejos fazendo com que cada dia valha mais do que foi possível sonhar;

A razão reduz tudo a utilidade desqualificando a emoção do ser –

O coração amplia tudo pelo valor quantificando o pensamento inanimado;

Razão e Coração se completam e conflitam, porém enquanto eu puder escolher, meu coração comandará meu destino;

Meu coração vive num anexo de meu corpo e conversa comigo dali de pertinho, observando minhas reações, sentimentos e emoções ao que me acontece, ao que me submeto, ao que me revolto e transformo nesse desafio diário de crescer, amadurecer e viver plena e intensamente, mesmo que racionalmente, seja impossível dar certo.

Marta

Reflexões sobre Pascal

Carvão e diamante

Tudo é feito da mesma coisa.
Do mesmo pó que se fez o carvão, mudando a arrumação, nasceu o diamante.
A mesma lágrima que chora a solidão, festeja a alegria.
A mesma mãe que proteje um filho, o prepara para o mundo e o deixa ir.
Marta